O VIAJANTE DE SI



Existem dois lados de mim
que dividem o meu todo.
Um é furioso vendaval
a querer varrer com força a Terra,
O outro é brisa mansa
que deseja proteger
com caloroso afeto paternal.
Um é colérico movimentar
de ondas inquietas
a debaterem-se em mares de paixões.
O outro é humilde nascente
de água límpida
que ingênua e pura
quer fecundar a terra amada.
Lutam em mim as chamas
de um intrépito guerreiro
com as águas tranqüilas
do ermitão exausto.
Em mim convivem guerra e paz.
Meu coração é impetuosa paixão
desejando ser sereno amor.
Vivo por isto a duvidar de mim.
Não sabendo se compactuo
com a lucidez ou com a loucura.
Constatando que ora
é a razão interrogativa
que desassossega
os meus mais ternos sentimentos,
Que ora é a turbulência
das minhas emoções inquietas
que retiram a serenidade
da minha razão.
Sou conflito tropical
desejando reunir-me
num único e pacificado ser.

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