BRISAS CELESTIAIS



O poema nasce do sopro do vento.
Nele existe uma voz que diz que o dia
está por chegar.
Nele existe uma alma que preenche aquilo
que de fato é falso vazio.
Ela é o amor que,embora imensurável e profundo,
é invisível aos olhos.
São os olhares dos que se fizeram mansos
e que sonham em ver a nova aurora.
E no dia do nascimento,
aquele que é novo haverá de surgir
daquilo que já estava velho.
Que não sejamos vítimas das preocupações,
que tenhamos lucidez, para não cairmos nas ilusões.
Que tenhamos a certeza que o destino está orientado
por um saber superior e divino.
Que mesmo que queiramos julgar,
talvez nosso discernimento seja insuficiente
para racionalizar.
Resta-nos cumprirmos a parte que nos cabe,
manter acesa serena e perseverante vontade.
Que saibamos readquirir a pureza dos primeiros dias
para sonharmos partilhar o pão da ceia das luzes.
Profundos são os abismos,imensos são os oceanos,
mas é o céu que nos faz lembrar o infinito.
Pois que seja o céu o espaço sem fim
por onde se desenvolva a jornada da alma
que busca a liberdade.
E que nesta possibilidade o sonho de voar
não seja mera ilusão, mas concretização
há muito esperada.
Que ao movimentar as asas conquistadas,
sintamos estarmos vivendo em Deus
e Ele esteja em nós.
Que em meio às dúvidas humanas,
comecem a aflorar as respostas,
já transparentes, mas ainda ocultas.
Breve é o tempo destinado ao viver transitório
de uma única vida.
Felizes são aqueles que sabem ser breves,
amando, acima de tudo, a eternidade.
Talvez nesse sentir exista suave felicidade
a espantar a secreta tristeza do coração.
Quem sabe ainda uma sensação de profunda paz
que cria serenidade, que leva para longe a melancolia.
Grande é o sonho do homem de atingir o equilíbrio
de uma auto-estima que não seja escrava do ego.
Longo tem sido o tempo do plantio,
mas é a paciência a dádiva
que aduba o crescimento dessa lavoura.
Entretanto, qual não é a dor em perceber
que a ansiedade humana torna inquieta
a esperança da alma...
Existe um desejo, embora calado.
Quer-se o eclodir das flores,
quer-se o nascimento dos tenros frutos.
Que esses frutos consigam doar toda a doçura
cheia do intenso amor com que a Divindade os nutriu.
E esse puro néctar desperte o sabor para a verdade
que tanto buscamos.
Reconhecendo, então, que os filhos serão os irmãos.
Que os que se pensam pais,também são irmãos.
E então, nem filhos, nem pais, mas o congregar de todos,
numa única irmandade.
Todos os filhos de uma única fonte
de toda a criação.
Pois Deus é Pai e Mãe de todos nós.

Gilberto Brandão Marcon
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