A EMBRIAGUEZ DOS SÓBRIOS


Embriagado, embriaguez,
embriagados somos.....
Fugitivos de nós,
não nos encontramos,
num buscar sem fim.
Numa obstinada
e exaustiva luta,
onde o desejado
se faz cada vez mais distante.
Nem mortos,
nem moribundos ou vivos,
apenas morremos a cada momento.
No sorrirso que fica,
na lágrima que vai,
e por isso o movimento.
Anda-se incessantemente,
são passos sobre passos.
E tudo se quer,
e nada se encontra.
Nem riqueza, nem pobreza,
tudo é incômodo.
Nada consola e,
por ser necessário, o desejo,
Nem fogo ardente dos instintos,
nem a chama fria que suponho
assombrar-se em alma.
Entretanto,
os caminhos rompidos.
Um nó.
Um nódulo na garganta.
E uma incontida raiva
que como poderosas mãos parece
avançar sobre o pescoço.
Nas cidades das grandes avenidas,
são os becos que invadem as ruas,
são os muros que cercam os espaços.
E então
a esperança de um meio de fuga.
Na restrição da morte,
na provocação do túmulo,
o desafio de se tentar encontrar.

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