Êxtase
Resta agora apenas uma silhueta,
um perfil de belas curvas.
Uma personagem oculta,
um ser cheio de vida
ocultado pelas sombras.
Atriz principal neste quadro
pintado com tons de sensualidade.
Imagem cheia de silêncio meditativo,
misturada apenas a sons da natureza.
Não existem mecanismos ou engrenagens,
mas uma alma primitiva e bela.
O movimento se faz como que anestesiado,
com uma lentidão agradável.
No cair de uma tarde o sol crepuscular
denuncia os seus últimos raios dourados.
O vermelho da paixão. O alaranjado da vida.
E o azul pacificador da noite que chega.
As rarefeitas nuvens vão ganhando
tonalidades diferentes na transformação do dia.
Antes cheias de cores solares,
agora azuis prateadas pelas emissões lunares.
Por entre os traços de nebulosidade
brilham estrelas que ocultam os seus pendores.
O coração está cheio de uma falsa calma,
enquanto o cérebro preguiçoso relaxa.
Como que numa leve brisa
as idéias vão surgindo,
dando corpo a um poema.
São letras que se acasalam
produzindo uma forma estética
e uma expressão sonora.
Passa o tempo, o escuro da noite
toma conta da abóbada celeste,
ganha profundidade.
Uma expressão de promessa,
um convite ao desejo,
criando a lembrança do olhar feminino.
Olhos de deusa celestial.
E num ínfimo instante se recria
um novo mundo imaginário.
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